quinta-feira, 3 de julho de 2014

Andrea Neves em entrevista para revista Isto É: "Ajudei a fundar o PT"



Participei da fundação do PT”

Em sua sala no comitê de campanha do irmão, em Belo Horizonte, Andréia Neves tem sobre a mesa de trabalho um porta-retrato com a foto do avô, Tancredo Neves. A fotografia, cercada por esculturas de anjos, lhe serve de amuleto. Grande conselheira do irmão, Andréia é a principal coordenadora da sua campanha:

Quando você se interessou por política?

Quando eu nasci, sem me dar conta (risos). No casamento do meu pai com a minha mãe havia no altar, como padrinhos, de um lado Juscelino pelo PSD e Jango pelo PTB. Do lado do meu pai era Artur Bernardes pelo PR e Cláudio Salgado pela UDN. A porta da nossa casa nunca ficou trancada. Quando descíamos a escada para o café havia mais de dez políticos. Era uma falta de privacidade (risos). Eu e Aécio envelopávamos três santinhos pedindo voto. Era nossa brincadeira.

Como era sua relação com Tancredo?
Meu avô era especial, tinha uma inteligência extraordinária e um grande senso de humor. Tinha ritos que sempre fazia com a gente. Toda noite cantava a mesma música: "Se essa rua, se essa rua fosse minha..." Acho que ele não sabia outra (risos). Também contava a mesma história de terror todo fim de semana. Todos detestavam, mas ele só sabia essa (risos). Eu tinha seis anos.

Na juventude você e o Aécio tinham divergências políticas. Como era isso?

Padeci mais do chamado arroubo da juventude. Quando morei no Rio tive militância política. Participei da fundação do PT. Eu era radical. Mas aí, como se diz aqui em Minas, eu sarei (risos).

Como você se envolveu no episódio do atentado Riocentro?

No dia 1º de Maio de 1981, fui a um show no Rio de Janeiro com Sérgio, meu namorado na época. Paramos o carro e escutamos o barulho. Achei que fosse pneu estourando. O Capitão Wilson passou na nossa frente segurando as vísceras com a mão. Socorremos ele e o deixamos no hospital. No dia seguinte quiseram envolver meu namorado porque tinha sido guerrilheiro. Disseram que ele e eu jogamos uma bomba dentro do carro pela janela.

O que seu avô disse quando soube?

No dia seguinte às 7h30 da manhã liguei e perguntei se ele tinha ouvido notícias sobre o atentado. Ele respondeu bravo: "Eu vi, coisa horrorosa. Eles estão perdendo os limites, ficando loucos". Contei a história aos poucos. Ele estava saindo para um comício e disse para eu ir até sua casa e esperar. Pediu que eu ligasse para a imprensa e contasse tudo.

Como você e o Aécio superaram a morte do Tancredo?
Não posso nem entrar nesse assunto que eu choro até hoje. É difícil falar. (Silêncio). Não superamos.

Isso aproximou vocês dois?
Sim. O momento foi difícil para a gente. Na morte do meu marido ele foi extremamente solidário. Nas primeiras noites, ele pegava o avião à noite, ficava comigo no hospital e voltava para Brasília de manhã. Ele dormia segurando minha mão.

ISTOÉ Gente
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